PANCS – PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO CONVENCIONAIS
Criado pela bióloga Valdely Kinupp, o termo PANCS vem sendo cada vez mais utilizado no Brasil e hoje existem mais de 10.000 espécies identificadas.
A maioria deles é descrita no livro Plantas Não Convencionais de Alimentos (PANC).
Além de ser uma excelente fonte de nutrientes, o PANC é uma maneira de cada consumidor reduzir o impacto que seus alimentos têm no meio ambiente, como o consumo de PANC (sejam eles comprados na feira local ou através de uma Agricultura Comunitária Apoiada (CSA)). também é uma boa maneira de contribuir para sistemas alimentares mais sustentáveis, pois geralmente são sazonais e regionais.
O estilo de vida da sociedade e a globalização têm acarretado o esquecimento do referencial cultural local, como implicação, várias práticas de manejo agrícola, assim como cultivos antes difundidos caíram no esquecimento.
ESTAS PLANTAS NÃO PRECISAM SER CULTIVADAS
As Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) são fontes alimentares que se desenvolvem em ambientes naturais sem a necessidade de aplicações de fertilizantes e agrotóxicos ou abertura de novas áreas.
O consumo desses vegetais é uma importante estratégia para a diversificação alimentar e para o estímulo da manutenção de áreas de preservação.
O alimento, em função de seu caráter primordial a vida, impõe sua centralidade no cotidiano humano. Já o comer envolve diversos quesitos como a vida social, econômica, ambiental, cultural e política.
Sendo que a ausência, o acesso irregular ou a má qualidade dos alimentos, assinalam, certamente a condição de insegurança alimentar e nutricional, a qual se revela como a fome, a miséria, a pobreza, a obesidade ou a desnutrição crônica.
Os pesquisadores Kinupp e Barros (2007) explanam que o consumo de PANCs pode ser estratégico para a diversificação alimentar e estimular a manutenção de áreas de preservação.
Caso este consumo seja realizado de maneira sustentável, poderia ser classificado como uma forma de emprego com baixo impacto na agricultura, associada à conservação ambiental.
MUDANÇAS NOS PADRÕES ALIMENTARES MUNDIAIS
A grande transição nutricional em curso é uma expressão das diferentes confluências do sistema agroalimentar vigente.
Esta transição deriva das intensas mudanças nos padrões de alimentação da população mundial, com enfraquecimento dos padrões alimentares tradicionais substituídos pelo consumo de alimentos processados industrialmente.
Além de interferir nos aspectos relacionados a saúde e bem-estar das pessoas, por estar associado ao aumento de obesidade e incidência de doenças crônicas, este novo padrão alimentar também se mostra insustentável (RIBEIRO, JAIME, VENTURA, 2017).
OS ULTRA PROCESSADOS
A produção de alimentos ultra processados possui uma intrínseca relação com o modelo de agronegócio, que fornece os insumos (grãos e carnes) para indústria de alimentos.
Desta forma, além de se associar a um modelo de produção caracterizado pelo uso frequente e abusivo de agrotóxicos, uso intensivo do solo, redução da biodiversidade, dentre outros, o atual padrão alimentar das sociedades pode levar também a uma gestão insuficiente de seus
resíduos ambientais, como as embalagens.
VALOR NUTRICIONAL DAS PANCS
O valor nutricional destas plantas está relacionado a teores significativos de sais minerais, vitaminas, fibras, carboidratos, proteínas, além do reconhecido efeito funcional.
Quando comparadas a espécies comerciais de usos similares, algumas
PANCS se destacam por possuírem teores proteico e mineral superiores (KINUPP e BARROS,2008).
As PANCS podem maximizar o potencial que um ambiente local proporciona.
Muitas delas ocupam espaços onde há pouca insolação, cujo solo não é tão fértil, ou úmido ou seco demais para as culturas convencionais, e, por sua resistência e produção variada, garantem um alimento saudável, disponível o ano todo e sem grande custo.
SISTEMA AGRÍCOLA TRADICIONAIS X AGRONEGÓCIO
O Brasil é um dos países mais biodiversos do mundo, com um grande número de plantas com populações domesticadas.
No entanto, essa diversidade raramente é explorada e, portanto, deixa de contribuir para o desenvolvimento agrícola do país.
Além disso, muitas dessas espécies estão sofrendo erosão genética, com consequente perda de diversidade genética e perda de conhecimento associado sobre elas.
Também foi reconhecida uma redução no cultivo e uso de outras UFP .
Nas últimas décadas, a urbanização enfraqueceu progressivamente a relação entre humanos, terra e cultivo de alimentos.
Nesse processo, os sistemas agrícolas tradicionais perdem espaço para o agronegócio e, como conseqüência, aumenta a dependência de produtos fornecidos pela indústria de alimentos, resultando na diminuição do consumo local de alimentos, mudanças na dieta e até na perda de cultura das pessoas.
AS PANCS MAIS UTILIZADAS
Atualmente, conhecemos cerca de 20,000 espécies de plantas comestíveis. Apesar disso 90% da alimentação no mundo provém de menos de 20 plantas, o que, certamente indica um aproveitamento baixíssimo da variedade de plantas disponíveis.
As PANCs nos fornecem uma oportunidade de diversificar a nossa dieta com plantas que além de nutritivas são muitas vezes deliciosas também
1. ORA-PRO-NOBIS
Usada como cerca viva e encontrada facilmente no estado de Minas Gerais, a planta é uma ótima fonte de fibras, proteínas e vitaminas.
Ela auxilia no funcionamento intestinal e fortalece o sistema imunológico, promovendo saciedade e combatendo os radicais livres, que podem implicar em futuras doença.
2.TAIOBA
Também chamada de orelha de elefante por conta do formato de suas folhas, a taioba é uma das plantas ideais para tornar o cardápio mais nutritivo.
Dentre os diversos benefícios que seu consumo apresenta, estão a melhora da visão, combate a prisão de ventre, fortalecimento do sistema imunológico e prevenção de anemia e osteoporose.
3.Quem nunca soprou um dente-de-leão para ver suas sementes voarem ao vento? Reconhecida como uma das PANCs mais comuns, o dente-de-leão possui uma poderosa ação digestiva, recomendada para tratamentos do fígado.
4.HIBISCO
O hibisco é uma PANC altamente nutritiva, com ação anticoagulante e cicatrizante, considerada uma das melhores fontes de ferro, deixando o famoso espinafre para trás.
Suas folhas jovens, flores e sementes são comestíveis e podem ser consumidas cruas, refogadas ou cozidas.
5.PEIXINHO
Também conhecida como lambari da horta, a planta é muito utilizada na decoração e na culinária. Suculenta e de cor verde-prateada, a PANC atua contra a tosse e irritações da faringe, além de apresentar ação microbiana e emoliente, amaciando e suavizando a pele.
O peixinho da terra pode ser servido frito ou empanado, em pratos elaborados ou como petiscos.
6. PICÃO BRANCO
Originário da América do Sul, o picão branco é uma das PANCS mais comuns de serem confundidas com erva daninha. Elas apresentam pequenas flores brancas, mas são suas folhas que possuem caráter medicinal.
Com ação anti-inflamatória e cicatrizante, a planta também é conhecida por desintoxicar e regenerar o sistema hepático. É consumida em forma de chá e pode ser usada externamente, em banhos a base da planta.
A única restrição para o consumo do picão branco é para grávidas, pois pode restringir o fluxo de urina no organismo.
7.CARURU
O Caruru, também conhecido como Bredo, é uma planta incrível que pode ser encontrada por praticamente todo o estado, sendo considerada por muitos como uma planta invasora por crescer com facilidade e quantidade em diversas condições, bastando apenas que o local seja ensolarado.
Apesar disso, a planta tem preferência por solos com nitrogênio.
O caruru é da família Amaranthaceae, sendo um parente do amaranto cultivado pelos Incas.
Ela contém altos teores de vitamina A, B1, B2 e C além de cálcio, ferro e potássio.
As suas folhas podem ser consumidas de várias formas. Só não se deve consumir folhas cruas de caruru, que possuem saponinas, nitrato e ácido oxálico. Mas basta um cozimento para remover esses componentes.
8.TANCHAGEM
O nome tanchagem se refere a várias espécies do gênero plantago, todas elas comestíveis e medicinais. No Brasil o termo se refere a Plantago lanceolata e a Plantago major, que tem propriedades e usos muito parecidos.
As duas são facilmente identificadas pelas folhas percorridas por nervuras e pela haste floral longa e ereta que se ergue a partir do meio da planta.
A folha é extremamente nutritiva, sendo ricas em vitaminas E, A e K, além de cálcio e proteínas.
Ela pode ser consumida crua ou preparada de várias formas, tendo um gosto suave e uma textura que depende do estágio em que a folha foi colhida.
9.BUVA
As suas características que mais chamam atenção são o seu cheiro e gosto, que são bem marcantes.
Além disso, variam de acordo com o tipo de solo e o clima no qual a planta está crescendo, podendo lembrar frutas cítricas, cravo ou mesmo rúcula e agrião.
A única coisa que se mantém constante na buva é o seu gosto picante, que pode se faz notar mesmo quando ela é ingerida em pequenas quantidades.
A buva também tem um grande potencial como planta medicinal, possuindo propriedades vermífugas, diuréticas, vulnerárias, anti-hemorroidárias, antidiarreicas e antissifilíticas, além de ser boa para regular a ação do fígado.
10.BELDROEGA
Reconhecida pelas suas folhas arredondadas e suculentas e pelo caule levemente avermelhado, a beldroega cresce rente ao chão se sozinha e para cima se ela está em meio a outras plantas.
Ela também tem pequenas flores amareladas que se abrem apenas durante a manhã.
ela se destaca pelo seu valor nutricional, sendo uma ótima fonte de vitamina A, B e C, além de ferro, magnésio, cálcio e potássio. A beldroega também é rica em antioxidantes.
Mas a característica nutricional mais diferenciada da planta é a presença de mais ômega-3 do que qualquer outra planta folhosa, o que a torna uma ótima opção para combater doenças cardíacas.
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